O setor de vestuário deverá ser o que mais se beneficiará pelas medidas de estímulo ao consumo promovidas pelo governo, que permitirá, a partir de setembro, que os consumidores façam saques em suas contas do FGTS e do PIS/Pasep. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê que, do total de R$ 30 bilhões que deverão ser sacados (R$ 28 bilhões do FGTS e R$ 2 bilhões do PIS/Pasep), entre setembro e dezembro deste ano, pelo menos R$ 3,3 bilhões sejam gastos no segmento de vestuário, ou seja, 11% dos recursos que serão injetados no mercado.
Na avaliação da CNC, embora não tenha efeito duradouro, esse esperado aumento de vendas vai chegar em muito boa hora. “O volume de vendas no segmento de vestuário, calçados e acessórios seguiu na contramão do varejo, no primeiro semestre de 2019”, avalia o economista da CNC Fabio Bentes. “O crédito caro e a inércia no mercado de trabalho têm inibido o processo de recuperação das vendas”, completa o economista.
De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro a junho, esse ramo do comércio varejista apresentou queda de 0,4% no volume de vendas, em relação ao mesmo período do ano passado, ficando à frente somente dos segmentos de livrarias e papelarias (-27,0%) e de móveis e eletrodomésticos (-1,1%). Na média, os dez segmentos que integram o comércio varejista apresentaram variação de +3,2% no período.
Um cenário que levou o setor de vestuário a registrar a menor inflação em meses de julho, nos últimos 20 anos, para esse grupo de produtos (+0,46% em 2019 e -1,87% em 1998). “A tendência para os próximos meses, no entanto, é que o setor apresente algum fôlego para os varejistas”, prevê Fabio Bentes, lembrando que, em 2017, quando também houve uma liberação de saques do FGTS, o varejo ficou com R$ 12 bilhões dos R$ 44 bilhões injetados na economia. O segmento de vestuário foi o que mais se beneficiou, concentrando 38% do total que coube ao varejo, ou seja, R$ 4,1 bilhões. “Como o consumidor está menos endividado do que em 2017, é possível esperar um efeito até relativamente maior no varejo e no segmento de vestuário, em 2019, apesar de o montante ser menor”, afirma Bentes.
Por CNC
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