Na emissão de títulos preestabelecidos ou de inflação, o Tesouro Nacional irá pagar juros nominais entre 11% e 11,60% ao ano em 2017, bem abaixo dos percentuais praticados até agosto
São Paulo - Enquanto a Selic responde por 26,2% da composição da dívida pública federal, o Tesouro Nacional já está pagando juros nominais menores em cerca de 70% do refinanciamento feito por meio de papéis prefixados e de inflação.
Ontem, o Tesouro oferecia juros nominais de 11,55% ao ano em prefixados com vencimento em 2019, bem abaixo da taxa básica de juros (Selic) atual de 14,25% ao ano. "O Banco Central [BC] já possui condições para baixar a Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária [Copom] em 19 de outubro", afirma o economista-chefe e estrategista Paulo Eduardo Nogueira Gomes, da Azimut Brasil Wealth Management.
O profissional acompanha a visão de outros economistas de linha ortodoxa (conservadores) de que a inflação está convergindo para o centro da meta de 4,5% ao ano em 2017, o que possibilita a queda da Selic pelo BC independente da aprovação mais rápida do teto do aumento de gastos no Congresso Nacional.
"A produção industrial veio pior que a esperada. A atividade econômica está muito fraca; a inflação está caindo - o IPCA-15 praticamente recuou pela metade - e o desemprego deve passar de 12%. Ou seja, é possível baixar os juros, e o mercado precifica [espera] isso", argumenta Gomes.
A diferença, aponta ele, é que se o governo conseguir a aprovação do ajuste, o corte nos juros poderá ser maior. "O mercado está dividido entre um corte de 0,25 ponto percentual ou de 0,50 ponto na reunião deste mês, mas está mais inclinado para um corte de 0,50 na reunião de 30 de novembro", prevê o economista.
O analista da corretora Rico, Roberto Indech, lembra que a última pesquisa Focus do Banco Central prevê a taxa Selic em 11% ao ano ao final de 2017. "Mas se o governo aprovar o teto de gastos em 2016 e a reforma da previdência no primeiro semestre de 2017, a Selic pode cair a 10%", projeta.
A última pesquisa Focus do Banco Central prevê inflação de 5,07% em 2017, e a Selic média em 11,77% no ano, e projeta a taxa básica em 11% em dezembro de 2017.
"As condições para a queda dos juros estão aí. Os documentos divulgados [Relatório de Inflação] e as declarações de Ilan Goldfajn [presidente do BC] indicam que estamos muito próximos dessa queda. Em 2017, mais perto de 11%", diz o gestor da HQ Asset Management, Fernando Aldabalde.
Essa condicionante da aprovação do ajuste nas contas públicas e da reforma da Previdência traria um alívio nas despesas com juros. O orçamento para 2017 estima o montante de R$ 946,4 bilhões em refinanciamento da dívida pública federal, sendo cerca de R$ 600 bilhões para rolar o vencimento de papéis, e a diferença para cobrir o pagamento de juros aos seus credores.
Nos últimos 12 meses até agosto, o governo havia gasto R$ 418 bilhões em juros nominais (6,86% do PIB). Se a inflação convergir para o centro da meta de 4,5%, há a possibilidade de o Tesouro pagar um volume menor de juros nominais, apesar do aumento da dívida pública que pode superar a cifra de R$ 3,3 trilhões.
Baixa discreta
Mais cética em relação a possibilidade de uma queda mais brusca da taxa básica de juros em 2017, a professora de economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Juliana Inhasz, lembrou que o governo não está produzindo superávits primários para abater o pagamento de juros da dívida pública.
"Se as reformas saírem do papel, começa-se a ganhar força para reduzir os juros. Superávit no futuro", diz. Ela aponta a queda dos juros de maneira discreta. "Com as reformas, 11% [final de 2017]", diz.
Fonte: DCI - SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário