Endless OS é gratuito e foi adotado para ser o 'cérebro' de computadores de Asus e Lenovo.
Windows (Microsoft), iOS (Apple) e Android (Google) foram esquecidos pelos jovens que fizeram fila na Campus Party. Eles queriam conhecer outro sistema operacional, o Endless OS, gratuito e distribuído em pen drives
por uma startup brasileira que criou sua tecnologia a partir de pesquisas realizadas em localidades de todo o país, desde Rocinha, no Rio de Janeiro, até à região da fronteira com o Paraguai. O estudo foi além do território brasileiro e chegou à Guatemala, onde alunos de escola pública usavam computadores com o sistema.
Segundo os representantes da Endless, a empresa foi criada para "realidades desafiadoras", ou, em bom português, conectar pessoas que possuam computadores antigos e sejam atendidas por conexões precárias.
Nascida há cinco anos de uma parceria entre o empreendedor norte-americano Matt Dalio e do brasileiro Marcelo Sampaio, ex- Microsoft e Oracle, a ideia era construir uma CPU portátil que pudesse se conectar a qualquer TV para transformar o conjunto em um microcomputador.
A Rocinha foi a primeira comunidade a ser visitada pela equipe de campo da Endless. Os pesquisadores visitavam os moradores munidos de um documento em PDF com opções de tecnologia.
"A gente mostrava a elas o que já funcionava e o que poderia ser feito para produzir um computador para elas e com elas", resume Renato Peixoto, da equipe de pesquisas da empresa. Ele conta que a ponte era feita com os "hubs locais de tecnologia", ou seja, lan house e técnicos de informática, além de ONGs. "Todo o sistema operacional foi cocriado", diz.
Da pesquisa, nasceram dois filhos: o hardware e o software que funciona como cérebro da máquina. Além da peculiaridade de poder se usar TVs como monitor, o Endless funciona de modo a poder rodar boa parte dos conteúdos embarcados sem precisar ter acesso a internet.
Baseado em Linux, o Endless OS possui mais de cem aplicativos que permitem desde fazer buscas em enciclopédicas até ler notícias mesmo desconectado. O segredo é que esses programas aproveitam quando a CPU está conectada para se atualizar e aproveitam conteúdos colaborativos -- o material da enciclopédia, por exemplo, vem da Wikipédia.
Por usar software livre (programas com código aberto), o sistema operacional é gratuito. "O importante é minimizar barreiras", diz Peixoto.
Ainda com uma proposta de simplificar o acesso à tecnologia para expandir o acesso a ela, empresa enfrentou o problema do "custo Brasil". Um dos ganhadores de prêmios de inovação da CES 2016, o Endless mini, uma CPU de tamanho reduzido, custa US$ 99 fora do Brasil. Aqui, sai por R$ 899.
A premiação internacional chamou a atenção de fabricantes de PCs, que se interessaram pelo sistema operacional. A Asus fechou uma parceria e já vende no Brasil computadores com ele embarcado. Até março, a taiwanesa vai colocar nas lojas da Indonésia 700 mil máquinas equipadas com ele. Lenovo trabalha com o sistema no México.
Para chegar a mais usuários, a Endless liberou o download do OS em julho do ano passado. A distribuição de pen drives na Campus Party faz parte da estratégia de apresentar o sistema a usuários acostumados a tecnologia de ponta.
G1
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