Segundo reportagem do jornal O Globo, o pagamento de direitos seria proporcional ao período no regime.
Para o ministro Ronaldo Nogueira, a
mudança permitiria que empregadores contratassem com jornada inferior à
estipulada pela CLT ( Foto: RAFAEL NEDDERMEYER )
No âmbito da reforma trabalhista tocada pelo governo de Michel Temer no
intuito de equilibrar as contas, uma das possibilidades que está sendo estudada
é a criação de um contrato de trabalho "por número de horas", com o
pagamento de direitos proporcionais a esse período. De acordo com o ministro do
Trabalho, Ronaldo Nogueira, em entrevista ao O Globo, essa seria uma forma de
permitir que empregadores possam contratar com jornada inferior à estipulada
pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Conforme a reportagem, a medida serviria para resolver os problemas de
meia jornada e de jornada intermitente (como aos fins de semana ou de casa).
"A intenção é respeitar sempre a jornada acertada pela respectiva
categoria na negociação coletiva. A ideia é atender questões sazonais do
mercado de trabalho", disse Nogueira ao jornal, segundo o qual o texto
final da proposta deve ser encaminhada ao Congresso Nacional até a segunda
quinzena de dezembro.
As regras atuais determinam que os trabalhadores com carteira assinada
tenham carga horária máxima de 44 horas semanais (ou oito horas diárias). Outra
opção do empregador para períodos menores é o contrato temporário, com duração
de três meses; o contrato por prazo determinado, em que se deve justificar a
transitoriedade; e o contrato por tempo parcial, que permite uma jornada que
não exceda 25 horas semanais. Segundo a matéria, este último é considerado
engessado pelos empregadores e tem pouca adesão.
Precarização
Para José Ediran Teixeira, economista do Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a proposta pode precarizar
ainda mais as relações de trabalho, pois reduziria os direitos do trabalhador
em questões como rescisão contratual e recolhimento de encargos, entre outros.
"A CLT já dá opções, como os contratos temporários, para resolver
problemas como o de demanda na alta estação", pontuou.
Ele pondera, entretanto, que a proposta pode servir a determinados
trabalhos, a exemplo da contratação de garçons a eventos ou festas em dias
variados durante o mês. "A intenção da lei deve ser esta, e não a de
incluir todas as atividades. Ao permitir que se contrate aleatoriamente por
meio dessa ferramenta, precarizaria ainda mais as relações de trabalho de
diversas categorias laborais", explicou.
Mais oportunidades
Por outro lado, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de
Fortaleza, Severino Neto, avalia que a mudança proporcionaria a criação de mais
vagas de emprego ao permitir flexibilizar a jornada. "O mercado de hoje
está totalmente diferente do que era há alguns anos, funcionando praticamente
24 horas por dia. A possibilidade de fluxo no fim de semana é muito maior e,
atualmente, há uma série de limitações para se ajustar à demanda",
pontuou.
Ele comenta que no setor de supermercados, por exemplo, o fluxo de
clientes pode ser 50% maior durante o fim de semana do que nos dias úteis.
"Dessa forma, abre-se uma porta para criar mais vagas para o fim de
semana. É possível, ainda, fazer contratos com estudantes, que querem
trabalhar, mas só têm os fins de semana disponíveis, ou quem prefere trabalhar
três dias por semana para ter mais tempo para a família. É uma maneira
inteligente de proteger direitos criando vagas", destacou.
Propostas
Junto às mudanças nas leis trabalhistas, Nogueira afirmou ao O Globo que
também pretende enviar ao Congresso um projeto com alterações na legislação
sindical, uma espécie de "minirreforma sindical". A ideia, segundo a
reportagem, é criar um conselho de autorregulação sindical, com integrantes do
governo e representantes dos trabalhadores, para discutir as mudanças, com a
intenção de manter o imposto sindical obrigatório e regulamentar o princípio da
unicidade sindical, que fixa um único sindicato por base territorial.
Além da reforma trabalhista, o governo ainda deve enviar neste mês a
proposta de reforma da Previdência Social. Entre as alterações previstas mais
polêmicas da proposta, está o estabelecimento de uma idade mínima para que os
trabalhadores se retirem do mercado, de 65 anos para os homens e para as
mulheres, que já vão passar a valer para os contribuintes ativos quem tem até
50 anos de idade.
Temer estuda ainda mudanças no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS), que passaria a bancar o seguro-desemprego e a viabilizar aposentadoria
complementar a trabalhadores da iniciativa privada.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste.
Por: Edilomar Evangelista.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste.
Por: Edilomar Evangelista.
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